Acorda
de manhã e mais um dia ela pensa.
O
sol entra pela janela e os raios atingem seu rosto. As cortinas já
não estão mais neste quarto. Ela esfrega os olhos, puxa o edredom
ao rosto e tenta continuar a dormir.
Não
adianta. Despertador toca.
Não
dá mais tempo pra esfregar o rosto nos lençóis, espreguiçar-se.
Tem que levantar e ponto final.
Mais
um dia qualquer na vida de uma pessoa qualquer.
O
jeito é acordar dentro do chuveiro. Pronto.
Lá
está ela com a água correndo no corpo. Não se importa com nada
além de si durante 15 minutos. Agora é ir à batalha.
Sai
de casa algum tempo depois usando o velho jeans, uma sandália e uma
blusa mais ou menos nova para procurar trabalho.
Aqui
está uma brasileira comum, de tempos em tempos procurando trabalho,
sem formação específica nem idade para os programas de governo lhe
ajudarem em uma colocação profissional. E assim, ela leva a vida,
de empresa à empresa, sem formação e função das mais variadas.
A
vida da brasileira comum é assim mesmo. Procura um emprego, arruma,
trabalha, e muda novamente. Uns dizem, o importante é não ficar
parado e estar ganhando sempre. Será? Até quando? Ela já não sabe
mais onde ir ou a quem entregar aqueles malditos currículos que não
saem das gavetas das empresas.
Aqui
já começa o desespero da criatura. Quem sabe tentar uma vaga como
meretriz? Loucura! Como se isso fosse fácil? Vocês sabiam que tem
de ter perfil pra isso também? Não é pra qualquer uma.
Alguém
parou pra pensar na profissão que estas pessoas exercem? Uns
assombram em piadinhas do tipo "vida dura". A verdade que é
sim. São pessoas que obviamente são obrigadas a se sujeitar a
clientes dos mais sórdidos e indesejáveis possíveis para cumprirem
com suas obrigações profissionais. Claro, não sejamos inocentes em
pensar que estas não gostam do que fazem. Certamente há quem goste
como em qualquer profissão. No entanto, muitas não veem
alternativas para suas vidas. Mas voltando a nossa desempregada, ela
já pensou em todas as possibilidade mas não desistiu ainda de
encontrar um trabalho digno em algum lugar.
A
noite ela volta para casa com suas pernas inchadas, seus pés doendo
e seu corpo já padecendo os efeitos do tempo.
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Beijo da Nana Pimentel