Miscelâneas do Eu
Expressar as ideais, registrar os pensamentos, sonhos, devaneios num pequeno e simplório blog desta escritora amadora que vos fala são as formas que encontrei para registrar a existência neste mundo.
Não cabe a mim julgar certo ou errado e sim, escrever o que sinto sobre o que me cerca.
A única coisa que não abro mão é do amor pelos seres humanos e incompreensão diante da capacidade de alguns serem cruéis com sua própria espécie.
Nana Pimentel
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terça-feira, 30 de agosto de 2016
SE EU FOSSE SHERLOCK HOLMES
Retiradas as capas, o zunzum das conversas continuava. Ninguém tinha entrado no quarto fatídico. Todos o diziam e repetiam.
Foi no meio dessas conversas que Sherlock Holmes cresceu dentro de mim . Anunciei:
___ Já sei quem roubou o anel.
De todos os lados surgiam exclamações. Algumas pessoas se limitava a interjeições: “Ah!”,”Oh!”. Outras perguntavam quem tinha sido.
Sherlock Holmes disse o que ia fazer, indicando um gabinete próximo:
___ Eu vou para aquele gabinete. Cada uma das senhoras aqui presentes fecha-se ali em minha companhia por cinco minutos.
___ Por cinco minutos? ___ indagou o Dr. Caldas.
___ Porque eu quero estar o mesmo tempo com cada uma, para não poder se concluir da maior demora com qualquer uma delas que essa é a culpada. Serão para cada uma cinco minutos cronométricos.
O Dr. Caldas gracejando:
___ Mas veja o que você faz. Não procure namorar minha mulher, senão eu lhe dou um tiro.
Houve uma hesitação. Algumas diziam estar acima de qualquer suspeita, outras que não se submetiam a nenhum inquérito policial. Venceu, porém, o partido das que diziam “quem não deve não teme”. Eu esperava, paciente. Por fim, quando vi que todas estavam resolvidas, lembrei que seria melhor quem fosse saindo, despedir-se e partir.
E a cerimônia começou. Cada uma das senhoras esteve trancada comigo justamente os cinco minutos que eu marcara.
Quando a última partiu, saiu do gabinete, achei à porta, ansiosa, Madame Guimarães:
___ Venha comigo ___ disse-lhe eu.
Aproximei-me do telefone, chamei o Alves Calado e disse-lhe que não precisava mais tomar providência alguma, porque o anel fora achado.
Voltando-me para Madame Guimarães entreguei-o então. Ela estava tão nervosa que me abraçou e beijou freneticamente. Quando, porém, quis saber quem fora a ladra,não me arrancou nem uma palavra.
No quarto, ao ver sinhazinha Ramos entrar, tínhamos tido mais ou menos, a seguinte conversa:
___ Eu não vou deitar verdes para colher maduros, não vou armar cilada alguma. Sei que foi a senhora que tirou a joia de sua tia.
Ela ficou lívida. Podia ser medo. Podia se cólera. Mas respondeu firmemente:
___ Insolente! É assim que o senhor está fazendo com todas, para descobrir a culpada?
___ Está enganada. Com as outras eu apenas converso. Com a senhora, não; exijo que me entregue o anel.
Mostrei-lhe o relógio para que visse que o tempo estava passando.
___ Note ___ disse eu___ que tenho uma prova, posso fazer ver a todos.
Ela se traiu, pedindo:
___ Dê sua palavra de honra que tem essa prova!
Dei. Mas o meu sorriso lhe mostrou que ela, sem dar por isso, confessara indiretamente o fato.
___ E já agora ___ acrescentei ___ dou-lhe também a minha palavra de honra que ninguém saberá por mim o que fez.
Ela tremia toda.
___ Veja que falta um minuto. Não chore. Lembre-se que precisa sair daqui com uma fisionomia jovial. Diga que estivemos falando de moda.
Ela tirou a joia do seio, deu-ma e perguntou:
___ Qual é a prova?
___ Esta ___ disse-lhe eu apontando para uma esplêndida rosa-chá que ela trazia. ___ É a única pessoa, esta noite, que tem aqui uma rosa amarela. Quando foi ao quarto de sua tia, teve a infelicidade de deixar cair duas pétalas dela. Estão junto da mesa-de-cabeceira.
Abri a porta. Sinhazinha compôs magicamente, imediatamente, o mais encantador, o mais natural dos sorrisos e saiu dizendo:
___ Se este Sherlock fez com todas o que fez comigo, vai ser um fiasco absoluto.
Não foi fiasco, mas foi pior.
Quando Sinhazinha chegara, subira logo. Graças à intimidade que tinha na casa, onde vivera até a data do casamento, podia fazer isso naturalmente. Ia só para deixar a sua capa dentro do armário. Mas, à procura de um alfinete, abriu a mesinha-de-cabeceira, viu o anel, sentiu a tentação de roubá-lo e assim o fez . Lembrou-se de que tinha de ir para a Europa daí um mês. Lá venderia a joia. Desceu então novamente com a capa e mandou pô-la no automóvel. E como ninguém a tinha visto subir, pôde afirmar que não fora ao andar superior.
Eu estraguei tudo.
Mas a mulherzinha se vingou: a todos insinuou que provavelmente o ladrão tinha sido eu mesmo. E, vendo o caso descoberto antes da minha retirada, armara aquela encenação para atribuir a outrem o meu crime.
O que sei é que madame Guimarães, que sempre me convidava para as suas recepções, não me convidou para a de ontem... Terá talvez sido a primeira a acreditar na sobrinha.
( Medeiros e Albuquerque )
DEPOIS DE LER O TEXTO ATENTAMENTE, FAÇA O QUE SE PEDE.
1- Relacione as palavras destacadas a seus significados.
a- “Ninguém tinha entrado no quarto fatídico.” ( ) pálida
b- “Ela ficou lívida.” ( ) fatal, trágico
c -“___Insolente!” ( ) alegre
d- “... precisa sair daqui ... fisionomia jovial.” ( ) atrevido
2- Qual é o significado da expressão: “___ Eu não vou deitar verdes para colher maduros...”_______________________________________________________________
3- Quem é o narrador-personagem? ____________________________________________
4- Em torno de qual fato gira a história? _________________________________________
5- Qual o espaço da narrativa (onde acontece)? __________________________________
6- Que decisão do narrador indica que uma mulher havia furtado o anel? ______________
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7-Que sentimentos , dos abaixo relacionados, estão expressos nas falas das personagens?
a- honradez b- ofensa c- culpa d- autoridade
( ) (Sinhazinha Ramos) “___ Insolente!”
( ) (Narrador) “Com a senhora, não, exijo que me entregue o anel.”
( ) (Sinhazinha Ramos) “___ Dê sua palavra de honra que tem essa prova!”
( ) (Narrador) “... dou-lhe a minha palavra de honra que nunca ninguém saberá por mim o que fez.”
8- Por que o narrador pediu à ladra que saísse do gabinete com fisionomia jovial?
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9- Qual foi a prova do crime?__________________________________________________
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10-Que estratégia a jovem usou para roubar o anel? _______________________________
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11- Qual foi a vingança da ladra e qual foi a consequência disso no final da história?
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Interpretação de texto,
português
Uma brasileira que está passando pela vida com garra, luta e tentando aprender mais sobre si e dos outros.
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