O
filme dirigido por Laís Bodansky - Efraim Rojas Boccalandro retrata
de forma muito realista o que ocorre diariamente com alguns jovens.
No início do filme, o rapaz Neto é um adolescente como outro
qualquer. Tem sua turma onde alguns usam drogas e bebem mas percebi
que embora oferecido a este, não faz uso contínuo. O efeito do uso
da bebida ou drogas mais pesadas como sudorese, não me ficou claro
pois, não observei nenhum pico por parte dele. Neto transgride ao
bater no pai, no entanto é um reflexo da atitude do pai com ele.
Este o chama de vagabundo, baixando sua auto estima e não permitindo
em nenhum momento que se estabeleça o diálogo. A mãe submissão,
não tem voz diante de qualquer atitude tomada pelo pai. Sai para
viajar sem dinheiro algum. Ao viajar com o amigo, o Neto ao se dar
conta que o amigo paga os favores oferecidos dos dois Srs com o sexo,
Neto vai embora, demonstra mais uma atitude própria de adolescentes,
revolta. Aliás, estabelecida durante todo o filme. Além de que já
tem sua sexualidade definida como heterossexual. Neto encontra uma
moça em Santos, apaixonando-se perdidamente por ela. Mesmo sendo o
romance de uma noite. Ela o ajuda a voltar para casa. Ao chegar,
algum tempo depois seu pai encontra um “back” no bolso de sua
camisa. Então, resolve conversar com a irmã de Neto sobre a
situação. A irmã na tentativa de ajudar achando o irmão um
“drogado” apoia e auxilia para que haja a internação mas é
importante relevar que mesmo que inconsciente, existe em todas as
relações de irmãos, alguns pontos de rivalidade, ou seja,
afastando-o da família há um obstáculo vencido.
No
manicômio, Neto é internado sem direito a nenhum tipo de conversa,
análise médica mais complexa ou questionamentos. Apenas o
enfermeiro faz algumas perguntas onde Neto diz que às vezes fuma um
back. A situação do lugar é deplorável e o ser humano
assemelha-se a animais. Ao vê-lo, me reportei a um período de minha
vida em meados dos anos 90, quando trabalhei em um hospital
psiquiátrico no Mato Grosso. Cenas como os choques e elevados
medicamentos ingeridos pelos pacientes eram tratados de forma
rotineira e necessária e pacientes como o Sr idoso que aparentemente
não é portador de nenhum Cid grave para estar internado; são cenas
reais pois, é isso que até pouco tempo ainda ocorria. Inclusive a
necessidade de uma verba governamental que o obriga estas
instituições a terem um número X de pacientes para que haja
repasse ou não.
Revolta-se
muito com a situação em que os pacientes vivem e está submetido.
Horroriza-se ao ver o médico entrar no quarto de eletrochoque. O
descaso deste psiquiatra com os pacientes é visível e a extensão
da drogadicção, ultrapassando os pacientes até o núcleo médico.
Neste momento, o filme mostra que a drogadicção não é uma
realidade for a do âmbito médico, pois o médico neste pedaço é
um drogadicço. Cabe dizer que o acesso, justamento por ser um médico
é facilitador de acesso a droga.
O
médico tem apoio da família p/permitir a continuidade da internação
de Neto. ( pessoa inquestionável).
Neto
pede ajuda e suplica para sair. Não. Até que é retirado.
Tenta
introduzir-se na sociedade mas já não consegui. É discriminado
pela mãe de um amigo e neste momento passa por período de confusão
mental devido a saída do manicômio e os tratamentos recebidos lá.
Neto
reencontra período pós 1ª internação e decepciona-se por ela não
ter correspondido seus sentimentos com a mesma intensidade e tempo.
São muitos os momentos que seus pensamentos estão em torno das
memórias com a moça de Santos.
Tenta
socializar-se mas já não consegui. Em uma festa tem uma crise, que
me transpareceu ser proposital, então é levado novamente p/o
hospital.
Lá
fingi tomar medicamento, tenta auxiliar outros pacientes e entrega a
crueldade de um enfermeiro ao novo médico. Neto tem sua auto estima
de alguma forma valorizada devido a sentir-se útil a outros. Mas é
castigado pelo enfermeiro por ter sido intrometido ao dizer o que
estava errado, então, por algumas vezes é trancado em um local
solitário e sombrio, uma solitária.
Numa
oportunidade que surgi da visita de seu pai, lhe entrega uma carta
onde o acusa do sofrimento e diz que o pai é um covarde. Assume que
não tem como viver no mundo do pai. Volta para solitária.
Enfim,
o filme diante de suas metáforas, passou-me que o ser humano é
frágil e precisa ser ouvido. Mas principalmente, que o adolescente
diante das complexas sentimentos e atitudes que está vivendo dentro
deste período, necessita de atenção ao que fala e pensa, por mais
piegas que pareça a um adulto. Ao adulto (pais) que não deixa de
ter suas limitações precisa ser bom ouvinte e não recriminar de
forma agressiva ou desvalorizando-o com palavras ofensivas, pois
estás tem força maior que a agressão física. Mas também, que
mesmo diante de uma situação onde a um profissional afirmando o que
é melhor, deve estar sempre atento a tudo que lhe é dito e observar
a evolução da situação e de sua veracidade.
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Beijo da Nana Pimentel