A
riqueza da literatura africana, nas mais diversas fases literárias,
é expressa através de abordagens dos contos, crônicas e poesias de
escritores. E, frisando especificamente a terceira fase da literatura
africana diz-se que durante os processos de colonização e pós
descolonização o povo em muitos países perdeu sua identidade ao
deixar-se levar pelo eurocentrismo imposto por países Europeus. Nas
escolas da África do Sul, assim como em muitos outros lugares do
continente, a língua oficial tornou-se a do colonizador e não a
língua pátria. O que aconteceu também com a literatura, passando a
ser focado autores clássicos de língua inglesa na maioria dos
locais.
A
visão do que era escrito na África por alguns autores é combatida
por outros autores que hoje tem destaque internacional. Estes últimos
o fazem na tentativa de não enganarem o mundo com inverdades. O que
certamente a África vivencia é o que tem se passado também do
Brasil para o estrangeiro. Quando se pensa em Brasil imagina-se as
brasileiras como pessoas mulatas sambistas com biquínis minúsculos
o tempo todo, futebol e carnaval em todos os cantos. Distorcendo a
realidade.
Os
esteriótipos, visões improcedentes, espalhados pelo mundo dito
globalizado, no que tange a África, estão sendo quebrados pelas
produções africanas de autores como: Agualuza, Mia Couto,
Craveirinha, Nadine, Ondjak, Pepetela e Chiziane. E, esta leva de
autores da terceira e quarta fase da literatura, depois da
independência a tentarem “liquidar, exorcizar, eliminar os rastros
do imperialismo cultural” e deste modo criar uma marca da sua
sociedade e da sua literatura.
Para
ter-se um exemplo claro de alguns trabalhos em Terra Sonâmbula de
Mia Couto, o realismo fantástico apresentado contextualiza o momento
de guerra de Moçambique e a tentativa de se reconstruir sem sair
dali, pois a terra se move e não o homem. Procura valorizar a chuva,
a água e o local. Deste modo, o autor leva o leitor a uma análise
do que é importante na sua vida. Já em outra grande obra de José
Eduardo Guadaluza, “ Teoria Geral do Esquecimento”, percebe a
existência da metáfora do colonialismo e a necessidade de livrar-se
dele. Finalizando com pelo menos estas três obras como
exemplificadoras, temos “Niqueti - Uma história de poligamia” de
Chiziane que faz críticas severas a hipocrisia social, leva a
reflexão do poder e tenta expor uma linguagem que se diferencie da
europeia.
Os
autores da descolonização, em especial Mia Couto, falam que
descolonizar foi apenas um passo por que a maioria do povo ainda está
atrelado ao imperialismo e o processo identitário está em caminhada
constante, sendo fortalecido através da literatura africana
espalhando-se pelo mundo e as discussões sobre o que é uma nação
e o que são suas contradições.
Enfim,
a África é una e cada parte de sua composição única em cultura,
sociedade, política e arte todavia ainda precisa de reflexões e
quebras de preconceitos distorcidos de sua existência. São
africanos e seus livros os verdadeiros responsáveis por estas
transformações ao oportunizar aos povos o contato com suas
histórias.
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Beijo da Nana Pimentel