Miscelâneas do Eu

Expressar as ideais, registrar os pensamentos, sonhos, devaneios num pequeno e simplório blog desta escritora amadora que vos fala são as formas que encontrei para registrar a existência neste mundo.

Não cabe a mim julgar certo ou errado e sim, escrever o que sinto sobre o que me cerca.

A única coisa que não abro mão é do amor pelos seres humanos e incompreensão diante da capacidade de alguns serem cruéis com sua própria espécie.

Nana Pimentel

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terça-feira, 21 de abril de 2015

“Mia Couto, outros autores e literatura”




A riqueza da literatura africana, nas mais diversas fases literárias, é expressa através de abordagens dos contos, crônicas e poesias de escritores. E, frisando especificamente a terceira fase da literatura africana diz-se que durante os processos de colonização e pós descolonização o povo em muitos países perdeu sua identidade ao deixar-se levar pelo eurocentrismo imposto por países Europeus. Nas escolas da África do Sul, assim como em muitos outros lugares do continente, a língua oficial tornou-se a do colonizador e não a língua pátria. O que aconteceu também com a literatura, passando a ser focado autores clássicos de língua inglesa na maioria dos locais.
A visão do que era escrito na África por alguns autores é combatida por outros autores que hoje tem destaque internacional. Estes últimos o fazem na tentativa de não enganarem o mundo com inverdades. O que certamente a África vivencia é o que tem se passado também do Brasil para o estrangeiro. Quando se pensa em Brasil imagina-se as brasileiras como pessoas mulatas sambistas com biquínis minúsculos o tempo todo, futebol e carnaval em todos os cantos. Distorcendo a realidade.
Os esteriótipos, visões improcedentes, espalhados pelo mundo dito globalizado, no que tange a África, estão sendo quebrados pelas produções africanas de autores como: Agualuza, Mia Couto, Craveirinha, Nadine, Ondjak, Pepetela e Chiziane. E, esta leva de autores da terceira e quarta fase da literatura, depois da independência a tentarem “liquidar, exorcizar, eliminar os rastros do imperialismo cultural” e deste modo criar uma marca da sua sociedade e da sua literatura.


Para ter-se um exemplo claro de alguns trabalhos em Terra Sonâmbula de Mia Couto, o realismo fantástico apresentado contextualiza o momento de guerra de Moçambique e a tentativa de se reconstruir sem sair dali, pois a terra se move e não o homem. Procura valorizar a chuva, a água e o local. Deste modo, o autor leva o leitor a uma análise do que é importante na sua vida. Já em outra grande obra de José Eduardo Guadaluza, “ Teoria Geral do Esquecimento”, percebe a existência da metáfora do colonialismo e a necessidade de livrar-se dele. Finalizando com pelo menos estas três obras como exemplificadoras, temos “Niqueti - Uma história de poligamia” de Chiziane que faz críticas severas a hipocrisia social, leva a reflexão do poder e tenta expor uma linguagem que se diferencie da europeia.
Os autores da descolonização, em especial Mia Couto, falam que descolonizar foi apenas um passo por que a maioria do povo ainda está atrelado ao imperialismo e o processo identitário está em caminhada constante, sendo fortalecido através da literatura africana espalhando-se pelo mundo e as discussões sobre o que é uma nação e o que são suas contradições.

Enfim, a África é una e cada parte de sua composição única em cultura, sociedade, política e arte todavia ainda precisa de reflexões e quebras de preconceitos distorcidos de sua existência. São africanos e seus livros os verdadeiros responsáveis por estas transformações ao oportunizar aos povos o contato com suas histórias.

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