Adriana Tavares Pimentel
A riqueza da literatura africana, nas
mais diversas fases literárias, é expressa através de abordagens
dos contos, crônicas e poesias de escritores. E, frisando
especificamente a terceira fase da literatura africana diz-se que
durante os processos de colonização e pós descolonização o povo
em muitos países perdeu sua identidade ao deixar-se levar pelo
eurocentrismo imposto por países Europeus. Nas escolas da África do
Sul, assim como em muitos outros lugares do continente, a língua
oficial tornou-se a do colonizador e não a língua pátria. O que
aconteceu também com a literatura, passando a ser focado autores
clássicos de língua inglesa na maioria dos locais.
A visão do que era escrito na África
por alguns autores é combatida por outros autores que hoje tem
destaque internacional. Estes últimos o fazem na tentativa de não
enganarem o mundo com inverdades. O que certamente a África vivencia
é o que tem se passado também do Brasil para o estrangeiro. Quando
se pensa em Brasil imagina-se as brasileiras como pessoas mulatas
sambistas com biquínis minúsculos o tempo todo, futebol e carnaval
em todos os cantos. Distorcendo a realidade.
Os esteriótipos, visões
improcedentes, espalhados pelo mundo dito globalizado, no que tange a
África, estão sendo quebrados pelas produções africanas de
autores como: Agualuza, Mia Couto, Craveirinha, Nadine, Ondjak,
Pepetela e Chiziane. E, esta leva de autores da terceira e quarta
fase da literatura, depois da independência a tentarem “liquidar,
exorcizar, eliminar os rastros do imperialismo cultural” e deste
modo criar uma marca da sua sociedade e da sua literatura.
Para ter-se um exemplo claro de alguns
trabalhos em Terra Sonâmbula de Mia Couto, o realismo fantástico
apresentado contextualiza o momento de guerra de Moçambique e a
tentativa de se reconstruir sem sair dali, pois a terra se move e
não o homem. Procura valorizar a chuva, a água e o local. Deste
modo, o autor leva o leitor a uma análise do que é importante na
sua vida. Já em outra grande obra de José Eduardo Guadaluza, “
Teoria Geral do Esquecimento”, percebe a existência da metáfora
do colonialismo e a necessidade de livrar-se dele. Finalizando com
pelo menos estas três obras como exemplificadoras, temos “Niqueti
- Uma história de poligamia” de Chiziane que faz críticas severas
a hipocrisia social, leva a reflexão do poder e tenta expor uma
linguagem que se diferencie da europeia.
Os autores da descolonização, em
especial Mia Couto, falam que descolonizar foi apenas um passo por
que a maioria do povo ainda está atrelado ao imperialismo e o
processo identitário está em caminhada constante, sendo fortalecido
através da literatura africana espalhando-se pelo mundo e as
discussões sobre o que é uma nação e o que são suas
contradições.
Enfim, a África é una e cada parte
de sua composição única em cultura, sociedade, política e arte
todavia ainda precisa de reflexões e quebras de preconceitos
distorcidos de sua existência. São africanos e seus livros os
verdadeiros responsáveis por estas transformações ao oportunizar
aos povos o contato com suas histórias.
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