Miscelâneas do Eu

Expressar as ideais, registrar os pensamentos, sonhos, devaneios num pequeno e simplório blog desta escritora amadora que vos fala são as formas que encontrei para registrar a existência neste mundo.

Não cabe a mim julgar certo ou errado e sim, escrever o que sinto sobre o que me cerca.

A única coisa que não abro mão é do amor pelos seres humanos e incompreensão diante da capacidade de alguns serem cruéis com sua própria espécie.

Nana Pimentel

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quarta-feira, 21 de março de 2007

Resenha de MADAME BOVARY


A minha escolha ao ler e falar sobre Madame Bobary é entorno da tentativa egoísta de confortar-me com uma vida, embora fictícia, mais cuel do que a minha se apresenta. No entanto, durante o percurso desta história passo a apaixonar-me pela audácia de uma mulher sonhadora e muitas vezes insana mas que tenta viver todos os seus desejos.
Gustave Flaubert
Gustave Flaubert, século19, foi um dos maiores prosadoras da França. Condenaram-no à prisão por imoralidade e absolvido pela defesa do contrário.
No entanto, a história em seu livro Madame Bovary é uma crítica as convenções burguesas da época e seu fundo nunca foi a questão moral.
O autor nasceu em Rouen, França, a 12 de dezembro de 1821, e faleceu em Croisset. Aos quinze anos apaixonou-se por Elisa Schlésinger, uma senhora casada. E está, foi sua musa inspiradora nas suas primeiras obras. Dedicou 30 anos de sua vida em produções literárias.
Flaubert teve fidelidade ao amor impossível da juventude e durante parte da vida ficou isolado para dedicar-se à produção de a MADAME BOVARY.
Flaubert não tolerava as burrices do ser humano e chegava coleciona as barbaridades lidas em livros e jornais. Segundo ele, o lugar onde a havia mais burrice era na província e, está é onde se passa sua obra "Madame Bovary".
Para alguns críticos, ele era contra tudo aquilo sua vida representava, pois rico e vivendo de rendas na idade adulta, sendo que a obra pode ter surgido da sua crítica ao seu mundo.
Madame Bovary, o livro
É a obra-prima de Flaubert e foi baseado em fatos da vida real,um suicídio após adultério na Normandia da mulher de um oficial. Foram necessários cinco anos para escrever e quando surgiu, causou impacto na sociedade.
Flaubert para compor Emma, buscou uma literatura onde o personaem supera-se a existência do autor.
Esta obra representa o Realismo francês. Em 1856 na Revue de Paris, narrativa vira livro e em 1857 é publicada com muito sucesso.
"Madame Bovary" é a tragédia de uma menina que, aos treze anos vai para um convento de Rouen, voltando a casa do pai após o falecimento da mãe.
Charles, médico da vila, é chamado à sua casa para ver a perna quebrada do pai de Emma, e aí Emma e ele flertam. Charles é casado com uma viúva que logo morre. Entâo, casa-se com Emma. Ela passa a ficar no lugar da morta.
Madame Bovary, Emma, tem depressão e tédio desde o início do casamento. Um dia, ela e o marido são convidados ao castelo de Vaubyessard pelo Marquês d'Andervilliers e lá, valsa com um Visconde.
As lembranças do baile alimentam-na durante vários meses até que o tédio volta. Ela tentava compensar sua vida com a leitura de romances e de revistas sobre Paris, procura nos livros satisfações imaginárias para seus desejos pessoais.
Passou a negligenciar a casa. Empalidecia e tinha palpitações.
Charles tentou tudo em vão. Decidiram se mudar em Yonville e Emma Bovary estava grávida. Desejou ter um filho homem mas sua filha nasce. Despreza. Conhece em Yonville, Léon, um rapaz escrevente, que também gosta de ler romances. Léon apaixona-se logo por Emma e ela, disfarça a atração. Charles nada percebe. Tente lutar contra a paixão e assim, gira a história nos romances secretos de Emmma até que ela se mata.
Análise do título da obra
O título da obra é perfeito. Pois, narrativa gira em torno de Emma Rouault que ao casar-se torna-se Emma Bovary, Madame Bovary.
É ela a principal personagem e por causa dela a história acontece. Sem Emma, não haveria um best-seller.
Logo, no primeiro capítulo, me questionei quanto ao título porque neste é Carlos quem marca a narrativa com sua infância mas no segundo capítulo em diante , Emma surgi superando todos os demais personagens.
O espaço
O espaço na história é extremamente valorizado em detalhes nos quais permitem ao leitor estar dentro da história, observando todos os aspectos físicos dos locais.
A história inicia-se em um vilarejo onde Carlos cresce e vive, após um tempo sai do lugarejo e vai para Yonville, local onde gira a maior parte da história.
Detalhes das casas, pessoas e a festa no castelo de um conde são percebidos na narrativa.
O tempo
A narrativa passa-se no século XIX e a França vive um período em que a burguesia é hipócrita, já não tem tantas condições monetárias como antes e quer permanecer a qualquer custo no poder. Uma época decadente, onde o poder francês já não se faz.
Os personagens: Emma e Carlos
Emma quando menina é rebelde e sonhadora. Fingi desmaios no convento para chamar a atenção das freiras. Ao voltar para a fazenda do pai, apõs a morte da mãe. Percebe que nesta a beleza de seus livros, os quais acompanham-na durante toda a vida, não existe. A realidade é um pai em idade avançada, uma fazenda distante de qualquer coisa que lembre classe, luxo e beleza. Interessa-se por Carlos e casa-se para fugir da casa do pai mas na noite de núpcias decepciona-se ao ver que a paixão vista em seus livros não floriu. Passa a desgraçar sua própria vida e a ter desequilíbrios pscicológicos muito evidêntes durante a leitura. Na tentativa da felicidade, quer tornar os lindos romances lidos em realidade, tem romances secretos. É uma mulher inconformada com a vida que leva, com a personalidade fraca do marido, a situação que para uma mulher do século XIX é impossível de mudar. Procura no início, vencer o desejo de trair o marido, o seu próprio desejo, até mesmo procurando o clero mas em vão. Pois este, tão envolto consigo não percebe sua aflição.
Carlos é um personagem de caráter nobre mas que sem um temperamento mais decisivo desde a infância se deixa dominar por terceiros. Quando criança, sua mãe lhe ditava o que deveria aprender e este não tinha a ousadia de contestar. Durante a vida não muda está situação e é dominado pela primeira mulher, por Emma, a mãe, o farmacêutico da cidade que fortemente o influência. Não é um personagem com brilho, chegando a ser maçante saber sobre ele. A própria Emma, acha-o cansativo na sua falta de caráter decisivo. No entanto, mostra-se um homem grandioso ao final do livro, quando ao perceber as escusas situações vividas pela esposa, após sua morte, perdoa seus amantes. Seu fim não é menos trágico que o de Emma porque entrega-se a bebida e morre logo, deixando a filha para ser criada pela sua mãe. Esta também morre e a filha cresce criada por uma tia pobre.
Análise do narrador
O narrador do texto no primeiro capítulo está em 1ª pessoa, talvez afim de prender mais a atenção do leitor. É um narrador personagem, atuando como observador. No restante dos capítulos até o final do livro o narrador passa para a terceira pessoa, um narrador etéreo, onde o universo da narrativa não o atingi mas ele tem a visão sobre tudo e todos.
Temos um narrador detalhista que nos remete a imaginar detalhes dos locais por onde nossa leitura se faz a história.
A obra em primeira leitura é cansativa devido a extensão dos detalhes narrativos, a frágil personalidade de Carlos e a raiva que Madame Bovary, Emma, desperta por enganar um homem meigo como o marido. Na segunda leitura, já não tive a mesma percepção e Emma, passou de odiada para a heroína. Uma mulher com vários deseqüílibrios psicológicos mas forte, determinada em ser feliz, ousa ao entregar-se em prazeres que lhe eram totalmente proibídos, sonhadora e um dos personagens mais verdadeiros que já vi, tendo todos anseios, devaneios e mediocridades cometidas por um ser humano.

Gustave Flaubert, com toda a certeza merece palmas para sua audácia em mostrar a hipocrisia de uma sociedade do séc XIX, não muito diferente da nossa época. Só diferente por ser mais disfarçada em suas discriminações e moralizações.


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