Miscelâneas do Eu

Expressar as ideais, registrar os pensamentos, sonhos, devaneios num pequeno e simplório blog desta escritora amadora que vos fala são as formas que encontrei para registrar a existência neste mundo.

Não cabe a mim julgar certo ou errado e sim, escrever o que sinto sobre o que me cerca.

A única coisa que não abro mão é do amor pelos seres humanos e incompreensão diante da capacidade de alguns serem cruéis com sua própria espécie.

Nana Pimentel

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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

ROBINSON CRUSOÉ

LEIA O TEXTO ABAIXO E RESPONDA ÀS QUESTÕES.
                                                         
    Meu nome é Robinson Crusoé. Nasci na velha cidade de Iorque, onde há um rio pequeno, muito largo, cheio de navios que entram e saem.
    Quando criança, passava a maior parte do meu tempo a olhar aquele rio de águas tão quietas, caminhando sem pressa para o mar lá longe. Como gostava de ver os navios em movimento, com velas branquinhas enfunadas pelas brisas! Isso me fazia sonhar as terras estranhas donde eles vinham e as maravilhosas aventuras acontecidas em mar alto.
    Eu queria ser marinheiro. Nenhuma vida me parecia melhor que a vida do marinheiro, sempre navegando, sempre vendo terras novas, sempre lidando com tempestades e monstros marinhos.
    Meu pai não concordava com isso. Queria que eu tivesse um ofício qualquer, na cidade, ideia que eu não podia suportar. Trabalhar o dia inteiro em oficinas cheias de pó era coisa que não ia comigo.
    Também não suportava a ideia de viver  toda a vida naquela cidade de Iorque. O mundo me chamava. Eu queria ver o mundo.
    Minha mãe ficou muito triste quando declarei que ou seria marinheiro ou não seria nada.
    ---- A vida do marinheiro ---- disse ela ---- é uma vida bem dura. Há tantos perigos no mar, tanta tempestade que grande número de navios acabam naufragando.
    Disse também que havia no mar terríveis peixes de dentes de serra, que me comeriam vivo se eu caísse na água. Depois me deu um bolo e me beijou: “É muito mais feliz quem fica na sua casa”.
    Mas não ouvi seus conselhos. Estava resolvido a ser marinheiro e havia de ser.
    ---- Já fiz dezoito anos ---- disse um dia a mim mesmo ---- é tempo de começar ---- e, fugindo de casa, engajei-me num navio.
                                                ( Daniel Defoe )

VOCABULÁRIO:  Enfunadas: cheias              Brisa: vento leve                 Lidar: enfrentar, combater
Ofício: profissão                          Engajar-se: entrar para, alistar-se

1-    Sobre a personagem principal do texto identifique:
*o nome: _____________________________*local de nascimento: _______________
*vocação: ______________________________*idade quando fugiu: _____________
2- A visão dos navios provoca um sonho no menino. Qual era esse sonho?________  
3- No ofício de marinheiro, o que atraía o menino?
4- Retire do texto o trecho que mostra o inconformismo e a grande inquietação de Robinson Crusoé.
5- Os pais do menino concordavam com sua escolha? Por quê?
6- Por que Robinson não queria ter um ofício qualquer, como desejava seu pai?
7- Quem procurava amedrontá-lo e com que finalidade fazia isso?
8- Como Robinson resolveu o conflito com seus pais?
9- Os pais de Robinson valorizavam a segurança,  o que valorizava Robinson  Crusoé? Quem você acha que estava certo? Por quê?
10- Qual o foco narrativo utilizado no texto? Justifique sua resposta com um trecho do texto
11- Há no texto uso do discurso direto? Justifique sua resposta, comprovando-a com um trecho do texto.

A BATALHA DO LEBLON


     Foi à noitinha, aí por volta das 20 horas, que a notícia correu pelas esquinas do Leblon, ganhou amplitude, espalhou-se pelo bairro e foi explodir como uma bomba na Delegacia de Polícia. Os bichos do circo armado perto da pracinha tinham picado a mula. Foi aí que começou a ignorância. O delegado não estava, é claro. O comissário também não, é lógico, e a coisa sobrou na mão do prontidão.
    ___ Chamem a polícia! ___ berrou o infeliz.
    ___ Mas a polícia somos nós ___ advertiu um outro guarda.
    Refeito da distração, o prontidão começou a procurar seus superiores para saber como agir. A muito custo conseguiu telefonar para um primo da noiva do comissário e localizar o distinto.
    ___ Peçam uma patrulha do Exército ___ recomendou o comissário.
    Pediu-se. Mas havia outras corporações disponíveis. E apelou-se para o Corpo de Bombeiros, para a Polícia Militar, Radiopatrulha e ___ ninguém até agora sabe explicar por quê ___ um carro-socorro da Light.
    ___ Talvez seja para evitar um curto-circuito no leão ___ disse um mulato magrela, com cara de gozador.
    O elefante, segundo informações de um soldado desconhecido, seguira rumo à praia. Elefante, ao que se presume, não nada. Ou será que nada? O povo dava palpites e, como sempre, do povo saiu um mais bem informado pouquinha coisa, para dizer que na África nada sim, mas não era o caso desse, que se chamava Bômbolo, e que nascera num outro circo e nunca vira água a não ser em balde.
    Já então havia uma multidão apreciando as manobras. A praça era uma das trincheiras, o Jardim de Alá era a retaguarda das tropas. Pela rua principal não passaria nenhum bicho que mata gente, salvo lotações, mas estes têm licença especial pra matar.
    Um homem de porte marcial, com muito mais estrelas do que os outros, reclamava contra a demora do tanque. Sim, ele requisitara um tanque-de-guerra e isto começou a parecer ridículo a uns tantos e emocionante para outros. A preta gorda, que mal acabara de servir o jantar dos patrões, palpitou:
    ___ Só onça tem umas quatro.
    Mas o garoto que estava perto desmentiu, dizendo que estava farto de ir àquele circo e nunca vira onça nenhuma.
    Nessa altura apareceu correndo, lá do outro lado da praça, um soldado. Vinha acelerado e parou na frente do homem que tinha mais estrelas do que os outros. Fez uma continência legal e avisou que não havia elefante na praia. Imediatamente recebeu ordens de ir pelas casas avisando para que todo mundo trancasse as portas por causa dos leões.
    ___ Manda espiar primeiro se o leão já não entrou, senão é fogo na jacutinga, trancar porta com leão dentro ___ gozou o mulato.
    O soldado explicou que não era preciso, porque não tinha leão. Nem leão, nem tigre, nem onça. Apenas um “popótis”.
    ___ Hipopótamo ___ corrigiu o que tinha mais estrelas do que os outros.
    Então ___ já conhecido o inimigo ___ começou o cerco ao “popótis”. Dos que estavam nas proximidades, poucos sabiam o que era um hipopótamo. Uns diziam que era maior que o elefante, outros diziam que era menos, mas muito mais feroz. E nessa troca de informações ficaram até que surgiu um outro soldado, que, vindo correndo em diagonal pela praça, bateu continência e disse pro de mais estrelas:
    ___ O “popótis” se rendeu-se.
    ___ Hipopótamo ___ voltou a corrigir o chefe, deixando passar a abundância de pronomes.
    Soube-se que, realmente, o hipopótamo fora localizado dentro de um jardim, numa residência grã-fina, comendo girassóis. E logo depois apareceu na esquina o dono do circo, puxando um bicho que não era maior que um cachorro dinamarquês e que o acompanhava de passo pachorrento. Decepção geral, inclusive dos soldados, preparados para mais uma batalha que, como tantas outras, não houve.
    ___ Ainda por cima o bicho come flor ___ disse a preta gorda.
    ___ Come flor sim, uai! ___ explicou o de touca. ___ Então tu não sabia que “popótis” é veterinário?
                      ( Stanislau Ponte Preta )

VOCABULÁRIO
AMPLITUDE:extensão, grandeza, dimensão   / CORPORAÇÃO: órgão que administra serviço público/
PORTE MARCIAL: aparência guerreira   / PRESUMIR: supor    / PRONTIDÃO: soldado de serviço de uma delegacia de polícia      / REQUISITAR: requerer, exigir

1- Relacione as frases a seus significados.

a- Pare de “atiçar fogo” na discussão        
b- Quem gosta de “brincar com fogo”, acaba de queimando.    
c- Não se preocupe se cozinharmos a situação a “fogo brando”.
d- É horrível ficar “entre dois fogos”!                                                                                                                                      
e- Os jovens “pegaram fogo” ao som da banda de reggae.        
f- Menino, você “é fogo”!                                                              
(     ) difícil, trabalhoso          (     ) adiando a solução de um problema
(     ) animaram-se, entusiasmaram-se     (     ) correr riscos, meter-se em encrenca
(     ) pressionado do dois lados                (     ) fomentar discórdia
2- Transcreva o fragmento do texto em que o autor situa os fatos temporalmente.
3- Interprete a frase de acordo com o texto: “Foi aí que começou a ignorância.”
4- Que expressões revelam a ironia do autor ao referir-se aos funcionários da delegacia?
5- Que piada o mulato magrela faz a respeito da participação de um carro-socorro da Light no episódio? Cite suas palavras.
6- Releia o oitavo parágrafo. Transcreva o trecho em que o narrador mostra sua opinião sobre o nível de conhecimento das pessoas envolvidas no caso da fuga dos bichos. Cite suas palavras.
7- Transcreva o trecho em que o autor critica os meios de transportes públicos.
8- Por que o soldado fez continência para o homem que tinha mais estrelas do que os outros? O que significa, de acordo com o texto ter mais estrelas?
9- Identifique.
A- narração                         B- descrição          C- reflexão              D- hipótese
(    ) “Elefante, ao que se presume, não nada. Ou será que nada?”
(    ) “O elefante, segundo informações de um soldado desconhecido, seguira rumo à praia.”
(    ) “___ Talvez seja para evitar um curto-circuito no leão...”
(    ) “Uns diziam que era maior que o elefante, outros diziam que era menor, mas muito mais feroz.”
10- A personagem de touca não sabia o significado da palavra veterinário. Qual foi o significado que atribuiu a essa palavra?
11- Retire o trecho que mostra  qual o espaço físico em que ocorrem os fatos narrados.

No limiar do labirinto

RESOLVER OS EXERCÍCIOS NO CADERNO.
NÃO HÁ NECESSIDADE DE SE COPIAR OS TEXTOS NO CADERNO.


 Quando lhe sugeriram que escrevesse a história de um personagem imaginário que, descontente consigo mesmo, se perguntava afinal que tipo de pessoa gostaria de ser, ele sentou-se junto à mesa de trabalho e deparou com um fato inesperado: pela primeira vez não conseguiu vencer um desafio daquele tipo que certos amigos, não raro, costumavam propor-lhe. Não conseguiu, por mais que insistisse, imaginar a história sugerida. Perdeu a conta do número de laudas iniciadas, apenas iniciadas, e logo abandonadas, eliminadas com fúria. Acabava sempre impulsionado a escrever sobre si mesmo, inexoravelmente. A situação de tantos anos finalmente invertia-se. Até então, jamais havia conseguido discorrer sobre suas próprias dúvidas, seus mistérios interiores, seu provável destino. Nunca conseguira, do mesmo modo, discutir qualquer assunto a não ser através dos jogos da imaginação. Sempre julgara superficial tratar dos fatos da vida de maneira como se apresentavam no mundo real, e ainda considerava o símbolo mais profundo que os objetos e fatos visíveis; a metáfora, melhor que a frase comum e cotidiana; o sonho, mais revelador que as observações da vigília; a alusão, mais eficiente que a frase explícita; e assim por diante. Mas esse período fecundo de sua existência exauria-se afinal. No entanto, perseverou. Continuou tentando imaginar o personagem cuja história teria necessariamente que começar com a crucial indagação: Quem eu gostaria de ser? Hoje sabemos (privamos de sua amizade; nós o conhecemos muitíssimo, estamos a par de tudo quanto escreveu e muito do que se escreveu sobre ele); sabemos, pois, que, para enfrentar o último desafio, tentou infrutiferamente lançar mão de todo o arcabouço de seus jogos literários,tão imaginosos, marca inconfundível, complexa teia em que seus personagens fatalmente enredavam-se e percebiam afinal que haviam chegado a um beco sem saída. De todos os jogos lembrados ou imaginados naqueles dias, apenas um não se demonstrou ineficaz, embora tampouco tenha demonstrado sua eficácia. Este amigo com quem hoje tanto nos preocupamos deixou de lado seus projetos literários anteriores e, meses depois de lançado o desafio, continua tentando a que julga a única maneira possível de vencê-lo: começou por criar um novo personagem, certo escritor, ao qual um amigo de longa data sugere, incidentalmente, em meio a uma festa, que escreva a história de um personagem que, descontente consigo mesmo, pergunta-se afinal que tipo de pessoa gostaria de ser; mas o fato é que também o novo personagem senta-se à mesa de trabalho e não consegue imaginar a história sugerida, e, meses depois de lançado o desafio, continua tentando aquela que julga a única maneira possível de vencê-lo, que é a de criar um personagem, um escritor, ao qual um amigo sugere que escreva a história de um personagem que se pergunta: Se estou tão descontente comigo mesmo, que tipo de pessoa, afinal, eu gostaria de ser?
 (FIORANI, Sílvio. Os estandartes de Átila. São Paulo: Lápis Lazuli; Companhia Editora Nacional, 2011, p. 41.)
Questões- responda em seu caderno
1) O conto “Nunca é tarde, sempre é tarde”, que você leu e estudou em aula, foi escrito pelo mesmo autor, Sílvio Fiorani. Explique a semelhança que existe entre os dois contos.
2)  “Nunca é tarde, sempre é tarde” pertence ao gênero fantástico, pois o leitor não pode decidir se Su é prisioneira do mundo do sonho (acontecimento maravilhoso) ou se ela apenas tem um longo sonho, com grande dificuldade de acordar (acontecimento estranho, mas compatível com a realidade). Explique por que o conto “No limiar do labirinto” não pode ser classificado e explicado da mesma maneira, ou seja, como uma narrativa fantástica

terça-feira, 30 de agosto de 2016

ARTIGO
- Complete o texto abaixo, empregando artigos definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um, uma, uns, umas).

____ PASSEIO NO CLUBE

Estava fazendo ____ manhã muito ensolarada. ____ nuvens do céu estavam branquinhas, em forma de flocos de algodão.
Era sábado e ____ crianças do SESI – 414 resolveram passar ____ dia no clube. Todos que iam chegando percebiam que _____ água das piscinas estava bem morninha, aquecida pelos raios do sol brilhante.
Patrick brinca com ____ bola colorida enquanto Giovana dá ____ mergulho gostoso na piscina . Já____ senhor Honório, avô de algumas crianças, aconchegou-se debaixo de _____ barraquinha de sol e deu _____ cochilada preguiçosa.
____ dia passou tão rapidamente que _____ crianças nem perceberam _____ tempo passar. Só foram embora ao fim do dia, quando ____ clube já estava fechando.



Pinte de lápis de cor amarelo todas as palavras, do texto, que são adjetivos.


- Pinte de lápis de cor azul todos os substantivos próprios que se encontram no texto.

Exercícios de adjetivos e substantivos

TEXTO PARA COMPLETAR COM ADJETIVOS: "O PRÍNCIPE E A PRINCESA"
- Participe dessa história, fazendo as personagens serem do jeito que você quiser.
O Príncipe e a Princesa podem ser heróicos, atrapalhados, bravos, engraçados, românticos...

Preste atenção e escreva nas lacunas apenas adjetivos ou locuções adjetivas.

         Era uma vez um Príncipe _________________ e __________________
que morava num país _____________________, às margens de um rio _____________________ . Do outro lado do rio eram as terras de outro país que não era tão ______________________ . Lá morava uma Princesa que era tão _______________________________ quanto ______________________.
            O __________________ amigo do Príncipe era um Dragão __________
_______________ e _________________ que morava na floresta mais _____
_______________ do lugar, que também ficava às margens do rio.
            Todos os dias o Príncipe se banhava nele; ele era um ___________________
nadador.E todos os dias a Princesa tomava sol na margem oposta, sem nunca se encontrarem porque as margens eram muito ________________________ .
            Um dia o Príncipe decidiu atravessar o rio nadando para conhecer a _________
____________Princesa. Pediu ao seu amigo Dragão que o ajudasse na travessia nadando por baixo da água que ele não afundasse caso se cansasse. E assim foram. Acontece que lá pelo meio do caminho o __________________Príncipe, de tão cansado, começou a engolir água e quase se afogou. O Dragão, pensando em ajudá-lo, subiu à tona e nesse instante foi visto pela Princesa, que pensou que um monstro ______
_____________ estava atacando o ____________________Príncipe. Imediatamente mandou seus guardas capturarem o Dragão e levarem-no para uma caverna _____________________, mantendo preso o _____________________
Dragão.
            O __________________Príncipe teve que explicar tudinho para esclarecer a _____________________ confusão.
            O Príncipe ficou __________________ e a Princesa __________________, mas no final acabaram se entendendo. O Dragão nem ligou e dormiu preguiçosamente lá na ____________________ caverna esperando tudo passar.
            Assim eles se tornaram ___________________amigos e passaram muitos dias ______________________ , se divertindo a valer, tanto que acabaram até esquecendo essa história.
            O Dragão?! Bem, o Dragão só acordou depois de muuuiiiito tempo e ficou ______
_______________, sem entender nada. Ele achou essa história muito ____________ e começou a gritar:- Tirem-me daquiiiiii !!!!!
            Que Dragão mais _________________, vocês não acham?!


Retire do texto 5 verbos e faça uma frase com cada um dos verbos:
a. ___________________    frase: ________________________________________________
b. ___________________    frase: ________________________________________________
c. ___________________    frase: ________________________________________________
d. ___________________    frase: ________________________________________________
e. ___________________    frase: ________________________________________________


Retire do texto 8 substantivos e faça uma frase com cada um deles:
a. ___________________    frase: ________________________________________________
b. ___________________    frase: ________________________________________________
c. ___________________    frase: ________________________________________________
d. ___________________    frase: ________________________________________________
e. ___________________    frase: ________________________________________________

O Pavão


             E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um
luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d´água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
            Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes
com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é
a simplicidade.
           Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 120)

02. No 2º parágrafo do texto, a expressão ATINGIR O MÁXIMO DE MATIZESsignifica o artista
(A)  fazer refletir, nas penas do pavão, as cores do arco-íris.
(B)  conseguir o maior número de tonalidades.
(C)  fazer com que o pavão ostente suas cores.
(D)  fragmentar a luz nas bolhas d’água.

filme "Sorte no Amor"

Trabalho sobre o filme “Sorte no Amor” .

1) Answer:

a) What is the name of the movie?
b) Who is the principal characters?
c) What about is the story?

2) Number the scenes:

a) (  ) The mirror broke
b) (  ) She kissed a boy
c) (  ) She had a party
d) (  ) She broke her shoes
e) (  ) She wrapped her dress
f) (  ) She was arrested
g) (  ) The dryhair broke

3) Complete with: has/have, is/are, can't.

a) She ______ an amazing job.
b) Ashley______ a desaster.
c) They ________ a rock band.
d) He________ doanything right.
e) She _______ a lucky girl.
f) He_________ an bad lucky boy.
g) They________ living in New York.
h) She_______ an apartment.

4) Write phrases related to the film using the words bellow:
a) Boy:

b) Present:

c) Hands:

d) Girls:

e) Glue:

f) Bad luck:

g) luck

h) Rock band:

Redação



Faça de conta que as crianças da imagem acima se perderam durante um passeio pela floresta e estão à procura de pistas para encontrar a saída da mata.

Responda as seguintes questões no verso da folha e entregue:


1. Se você fosse uma das crianças, que sinais chamariam sua atenção?

2. Bastaria encontrar esses sinais para você conseguir sair da floresta?

3. Se essas crianças fossem de uma etnia indígena, elas teriam mais ou menos dificuldades para sair da floresta? Explique.

4. Imagine que alguém lhe dissesse a seguinte frase: “Ler um texto para estudar um assunto pela primeira vez é como caminhar em uma floresta desconhecida”. O que pode haver de semelhante entre essas duas atividades?

5. Se  um texto de estudo é como uma floresta desconhecida, o que é preciso fazer para, durante, a leitura, não se perder nessa floresta?

6. Escreva uma história de 10 linhas. Nesta história você está perdido em uma cidade grande. Você deve dizer: qual o nome da cidade; como você foi parar lá; o que você fez para retornar daquele lugar; qual a sensação que você teve por não saber onde estava.

O homem e a galinha

Interpretação de texto:                        
                                                                                                                                  Ruth Rocha
Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher:
– Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente:
– Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha.
Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava até sorvete. E a galinha todos os dias botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
– Pra que este luxo todo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló… Muito menos sorvete!
Vai que a mulher falou:
– É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
– Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
– E se ela não botar mais ovos de ouro?
– Bota sim! – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
– Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho.
– E se ela não botar mais ovos de ouro?
– Bota sim. – respondeu o marido.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
– Pra que este luxo de dar milho pra galinha? Ela que cate o de-comer no quintal!
– E se ela não botar mais ovos de ouro?
– Bota sim – o marido falou.
Aí a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Um dia a galinha encontrou o portão aberto.
Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló.

01 - O texto recebe o título de O  homem e a galinha.  Por que a história recebe esse título?
a) Porque eles são os personagens principais da história narrada.
b) Porque eles representam, respectivamente, o bem e o mal na história.
c) Porque são os narradores da história.
d) Porque ambos são personagens famosos de outras histórias.
e) Porque representam a oposição homem-animal.

02 - O marido não queria tratar a galinha de forma especial para:
a) economizar dinheiro.
b) ganhar fama.
c) não acostumá-la mal.
d) para não chamar atenção.
e) ser diferente.

03 - Na passagem “onde tratam dela a pão-de-ló”, a expressão destacada quer dizer:
a) desprezada.
b) infeliz.
c) humilhada.
d) bem tratada.
e) maltratada.

04- A mulher tratava bem a galinha porque ela era:
a) comum.
b) diferente.
c) pequena.
d) velha.
e) grande.

05 - Qual das características a seguir pode ser atribuída à galinha?
a) avareza
b) conformismo
c) ingratidão
d) revolta
e) hipocrisia

06 - A galinha foi embora para:
a) procurar outras galinhas.
b) mudar de galinheiro.
c) procurar boa comida.
d) fugir dos maus tratos.
e) para mudar de ambiente.

07 - Antes de dizer que a galinha deveria catar “o de-comer no quintal”, o que o marido mandou a mulher dar para a galinha?
a) Farelo.
b) Pão-de-ló.
c) Sorvete.
d) Ovos.
e) Milho.

08 - Qual das afirmativas a seguir não é correta em relação ao homem da fábula?
a) É um personagem preocupado com o corte de gastos.
b) Mostra ingratidão em relação à galinha.
c) Demonstra não ouvir as opiniões dos outros.
d) Identifica-se como autoritário em relação à mulher.
e) Revela sua maldade nos maus-tratos em relação à galinha.

09 - Era uma vez um homem que tinha uma  galinha. De que outro modo poderia ser dita a frase destacada?
a) Era uma vez uma galinha, que vivia com um homem.
b) Era uma vez um homem criador de galinhas.
c) Era uma vez um proprietário de uma galinha.
d) Era uma vez uma galinha que tinha uma propriedade.
e) Certa vez um homem criava uma galinha.

10 -  Procure no texto quatro substantivos, três verbos,  e cite aqui:
______________________________________________________________________

11- A segunda frase do texto diz ao leitor que a galinha era uma galinha como as outras. Qual o significado dessa frase?
a) A frase tenta enganar o leitor, dizendo algo que não é verdadeiro.
b) A frase mostra que era normal que as galinhas botassem ovos de ouro.
c) A frase indica que ela ainda não havia colocado ovos de ouro.
d) A frase mostra que essa história é de conteúdo fantástico.
e) A frase demonstra que o narrador nada conhecia de galinha.

12 - O que faz a galinha ser diferente das demais?
a) Botar ovos todos os dias independentemente do que comia.
b) Oferecer diariamente ovos a seu patrão avarento.
c) Pôr ovos de ouro antes da época própria.
d) Botar ovos de ouro a partir de um dia determinado.
e) Ser bondosa, apesar de sofrer injustiças.

13 – Que elementos demonstram que a galinha passou  a receber um bom tratamento, após botar o primeiro ovo de ouro?
a) pão-de-ló / mingau / sorvete
b) milho / farelo / sorvete
c) mingau / sorvete / milho
d) sorvete / farelo / pão-de-ló
e) farelo / mingau / sorvete

14 - Dizem, eu não sei... Quem é o responsável por essas palavras?
a) o homem    b) a galinha   c) o narrador   d) a mulher  e) o ovo

15 - Procure no texto palavras paroxítonas e cite-as aqui.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

16 – Escreva uma história com os seguintes substantivos: galinha, Santos Reis, estrada, primavera, agricultor, plantio, raposa, cão, ovo. Deve ter no mínimo 20 linhas.

Água: a crônica da falta de bom senso

Água: a crônica da falta de bom senso
Os problemas de abastecimento são reflexos do mau uso e desperdícios generalizados
Um calor acima do previsto e chuvas que não caem como em anos anteriores. Além disso, um consumo em alta e os reservatórios em baixa atingindo marcas históricas negativas. Todos esses fatores somados resultam na séria e concreta ameaça de racionamento de água na região Sudeste, a mais populosa do país.
É claro que esse estado de coisas deve ser considerado atípico, mas diante da crise anunciada e um iminente “apagão” no fornecimento desse líquido precioso, lá vamos nós caçar os culpados da hora!!
A mídia responsabiliza governos pela ausência de investimentos no setor. Os partidos pró e contra defendem ou atacam conforme a conveniência e a população reclama de todos afirmando que pagam suas contas em dia e, portanto, não aceitam abrir mão do direito de ter água nas torneiras e chuveiros sempre que quiserem fazer uso dela.
Afinal, foi o fenômeno climático, como consequência do aquecimento global, o maior responsável pelas altas temperaturas e pela ausência de chuvas?
Em parte podemos até afirmar que sim. Mas depender totalmente dos ciclos de chuva do bom comportamento climático, apenas revela um despreparo muito grande e que deve realmente assustar a todos nós.
Então, a quem cabe a maior responsabilidade? Acredito que seja da visão limítrofe generalizada que ainda é capaz de dar pouca importância a esse insumo fundamental para a vida de todos.
Façamos um exercício bastante simples. Imagine a falta de muitos serviços que temos à disposição dentro das nossas casas. Pense que durante um período você ficará totalmente sem energia elétrica, sem telefone ou mesmo sem dispor da internet e da televisão a cabo. Muito ruim sem dúvida e que podem trazer prejuízos diversos. Agora reflita sobre a total ausência de água. Sem entrar na individualização dos problemas acarretados por cada um desses serviços, o que naturalmente o obrigaria a sair de casa para buscar uma solução é exatamente a água. Ela não é apenas vital para o nosso dia a dia, pessoal ou profissionalmente como tantos outros, é basicamente uma questão de sobrevivência.
Agora, com raras exceções, o mais essencial é, invariavelmente, o mais barato de todos. É ao final das contas uma impressionante inversão de valores, o que é mais importante custa menos que o supérfluo... e vice-versa. Nessa hora prevalece a lógica do famigerado mercado tão pouco afeito a enxergar além do curto prazo.
Esse olhar distorcido é o primeiro responsável pela nossa crise de abastecimento de água. Depois dele tudo vai se complicando numa espiral de problemas sobrepostos.

por Reinaldo Canto — publicado 16/02/2014 12h44

PENSE SOBRE O ASSUNTO E FAÇA UMA RESENHA DE 20 A 25 LINHAS

SE EU FOSSE SHERLOCK HOLMES



    Retiradas as capas, o zunzum das conversas continuava. Ninguém tinha entrado no quarto fatídico. Todos o diziam e repetiam.
    Foi no meio dessas conversas que Sherlock Holmes cresceu dentro de mim . Anunciei:
    ___ Já sei quem roubou o anel.
    De todos os lados surgiam exclamações. Algumas pessoas se limitava a interjeições: “Ah!”,”Oh!”. Outras perguntavam quem tinha sido.
    Sherlock Holmes disse o que ia fazer, indicando um gabinete próximo:
    ___ Eu vou para aquele gabinete. Cada uma das senhoras aqui presentes fecha-se ali em minha companhia por cinco minutos.
    ___ Por cinco minutos? ___ indagou o Dr. Caldas.
    ___ Porque eu quero estar o mesmo tempo com cada uma, para não poder se concluir da maior demora com qualquer uma delas que essa é a culpada. Serão para cada uma cinco minutos cronométricos.
    O Dr. Caldas gracejando:
    ___ Mas veja o que você faz. Não procure namorar minha mulher, senão eu lhe dou um tiro.
    Houve uma hesitação. Algumas diziam estar acima de qualquer suspeita, outras que não se submetiam a nenhum inquérito policial. Venceu, porém, o partido das que diziam “quem não deve não teme”. Eu esperava, paciente. Por fim, quando vi que todas estavam resolvidas, lembrei que seria melhor quem fosse saindo, despedir-se e partir.
    E a cerimônia começou. Cada uma das senhoras esteve trancada comigo justamente os cinco minutos que eu marcara.
    Quando a última partiu, saiu do gabinete, achei à porta, ansiosa, Madame Guimarães:
    ___ Venha comigo ___ disse-lhe eu.
    Aproximei-me do telefone, chamei o Alves Calado e disse-lhe que não precisava mais tomar providência alguma, porque o anel fora achado.
    Voltando-me para Madame Guimarães entreguei-o então. Ela estava tão nervosa que me abraçou e beijou freneticamente. Quando, porém, quis saber quem fora a ladra,não me arrancou nem uma palavra.
    No quarto, ao ver sinhazinha Ramos entrar, tínhamos tido mais ou menos, a seguinte conversa:
    ___ Eu não vou deitar verdes para colher maduros, não vou armar cilada alguma. Sei que foi a senhora que tirou a joia de sua tia.
   Ela ficou lívida. Podia ser medo. Podia se cólera. Mas respondeu firmemente:
    ___ Insolente! É assim que o senhor está fazendo com todas, para descobrir a culpada?
    ___ Está enganada. Com as outras eu apenas converso. Com a senhora, não; exijo que me entregue o anel.
    Mostrei-lhe o relógio para que visse que o tempo estava passando.
    ___ Note ___ disse eu___ que tenho uma prova, posso fazer ver a todos.
    Ela se traiu, pedindo:
    ___ Dê sua palavra de honra que tem essa prova!
    Dei. Mas o meu sorriso lhe mostrou que ela, sem dar por isso, confessara indiretamente o fato.
    ___ E já agora ___ acrescentei ___ dou-lhe também a minha palavra de honra que ninguém saberá por mim o que fez.
    Ela tremia toda.
    ___ Veja que falta um minuto. Não chore. Lembre-se que precisa sair daqui com uma fisionomia jovial. Diga que estivemos falando de moda.
    Ela tirou a joia do seio, deu-ma e perguntou:
    ___ Qual é a prova?
    ___ Esta ___ disse-lhe eu apontando para uma esplêndida rosa-chá que ela trazia. ___ É a única pessoa, esta noite, que tem aqui uma rosa amarela. Quando foi ao quarto de sua tia, teve a infelicidade de deixar cair duas pétalas dela. Estão junto da mesa-de-cabeceira.
    Abri a porta. Sinhazinha compôs magicamente, imediatamente, o mais encantador, o mais natural dos sorrisos e saiu dizendo:
    ___ Se este Sherlock fez com todas o que fez comigo, vai ser um fiasco absoluto.
    Não foi fiasco, mas foi pior.
    Quando Sinhazinha chegara, subira logo. Graças à intimidade que tinha na casa, onde vivera até a data do casamento, podia fazer isso naturalmente. Ia só para deixar a sua capa dentro do armário. Mas, à procura de um alfinete, abriu a mesinha-de-cabeceira, viu o anel, sentiu a tentação de roubá-lo e assim o fez . Lembrou-se de que tinha de ir para a Europa daí um mês. Lá venderia a joia. Desceu então novamente com a capa e mandou pô-la no automóvel. E como ninguém a tinha visto subir, pôde afirmar que não fora ao andar superior.
    Eu estraguei tudo.
    Mas a mulherzinha se vingou: a todos insinuou que provavelmente o ladrão tinha sido eu mesmo. E, vendo o caso descoberto antes da minha retirada, armara aquela encenação para atribuir a outrem o meu crime.
    O que sei é que madame Guimarães, que sempre me convidava para as suas recepções, não me convidou para  a de ontem... Terá talvez sido a primeira a acreditar na sobrinha.
                                          ( Medeiros e Albuquerque )

DEPOIS DE LER O TEXTO ATENTAMENTE, FAÇA O QUE SE PEDE.
1- Relacione as palavras destacadas a seus significados.
a- “Ninguém tinha entrado no quarto fatídico.”                     (  ) pálida
b- “Ela ficou lívida.”                                                               (  ) fatal, trágico
c -“___Insolente!”                                                                   (  ) alegre
d- “... precisa sair daqui ... fisionomia jovial.”                        (  ) atrevido

2- Qual é o significado da expressão: “___ Eu não vou deitar verdes para colher maduros...”_______________________________________________________________

3- Quem é o narrador-personagem? ____________________________________________

4- Em torno de qual fato gira a história? _________________________________________

5- Qual o espaço da narrativa (onde acontece)? __________________________________

6- Que decisão do narrador indica que uma mulher havia furtado o anel? ______________
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7-Que sentimentos , dos abaixo relacionados, estão expressos nas falas das personagens?
a- honradez       b- ofensa       c- culpa               d- autoridade
 (   ) (Sinhazinha Ramos) “___ Insolente!”
 (   ) (Narrador) “Com a senhora, não, exijo que me entregue o anel.”
(   ) (Sinhazinha Ramos) “___ Dê sua palavra de honra que tem essa prova!”
(   ) (Narrador) “... dou-lhe a minha palavra de honra que nunca ninguém saberá por mim o que fez.”

8- Por que o narrador pediu à ladra que saísse do gabinete com fisionomia jovial?
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9- Qual foi a prova do crime?__________________________________________________
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10-Que estratégia a jovem usou para roubar o anel? _______________________________
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11- Qual foi a vingança da ladra e qual foi a consequência disso no final da história?

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Inadiável partida


                                                   

Muitas vezes desfiz malas recém-feitas muitas vezes abri mão de novos ares.
Viajar, viajar, viajar, e eu presa ao chão, parafuso em mil voltas enfincado.
Não importa.
Dia virá em que partirei sem malas e habitarei definitiva o país longínquo – meta de hipóteses e sonhos.


                         (CABRAL, Astrid. De déu em déu - poesia reunida. Rio de Janeiro: Sete Letras, 1998, p. 316.)

 Assinale a melhor interpretação do poema:
 a) O tema do poema é a insatisfação com a vida na terra natal e o desejo de mudar-se para outro país.
 b) O tema do poema é a frustração de uma mulher que não quer viajar.
c) O significado das palavras “partida”, “viajar” e “partir” transforma-se ao longo do texto, tornando-se metafórico.
d) O eu lírico tem medo de viajar, pois, embora esteja consciente da necessidade da partida (título), prorroga indefinidamente a decisão (verso 5).



ESOPO

 
Esopo era um escravo de rara inteligência que servia à casa de um conhecido chefe militar da antiga Grécia. Certo dia, em que seu patrão conversava com outro companheiro sobre os males e as virtudes do mundo, Esopo foi chamado a dar a sua opinião sobre o assunto, ao que respondeu seguramente:
-- Tenho a mais absoluta certeza de que a maior virtude da Terra está á venda no mercado.
-- Como? – perguntou o amo, surpreso – Tens certeza do que estás falando? Como podes afirmar tal coisa?
-- Não só afirmo, como, se meu amo permitir, irei até lá e trarei a maior virtude da Terra.
Com a devida autorização do amo, saiu Esopo e, dali a alguns minutos, voltou carregando um pequeno embrulho. Ao abrir o pacote, o velho chefe encontrou vários pedaços de língua e, enfurecido, deu ao escravo uma chance para se explicar.
-- Meu amo, não vos enganei – retrucou Esopo --- A língua é, realmente, a maior das virtudes. Com ela podemos consolar, ensinar, esclarecer, aliviar e conduzir. Pela língua os ensinos dos filósofos são divulgados, os conceitos religiosos são espalhados, as obras dos poetas se tornam conhecidas de todos. Acaso podeis negar essas verdades, meu amo?
-- Boa, meu caro – retrucou o amo – Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo?
-- É perfeitamente possível, senhor. E com nova autorização de meu amo, irei novamente ao mercado e de lá trarei o pior vício de toda Terra.
Concedida a permissão, Esopo saiu novamente e dali a minutos voltava com outro pacote, semelhante ao primeiro. Ao abri-lo, o amo encontrou novamente pedaços de língua. Desapontado, interrogou o escravo e obteve dele surpreendente resposta:
-- Por que vos admirais de minha escolha? Do mesmo modo que a língua, bem utilizada, se converte numa sublime virtude, quando relegada a planos inferiores, se transforma no pior dos vícios. Através dela tecem-se as intrigas e as violências verbais. Através dela, as verdades mais santas, por ela mesma ensinadas, podem ser corrompidas e apresentadas como anedotas vulgares e sem sentido. Através da língua, estabelecem-se as discussões infrutíferas, os desentendimentos prolongados e as confusões populares que levam ao desequilíbrio social. Acaso podeis refutar o que digo? – indagou Esopo.
Impressionado com a inteligência invulgar do serviçal, o senhor calou-se, comovido, e, no mesmo instante, reconhecendo o disparate que era ter um homem tão sábio como escravo, deu-lhe a liberdade.
Esopo aceitou a libertação e tornou-se, mais tarde, um contador de fábulas muito conhecido da Antiguidade, cujas histórias até hoje se espalham por todo o mundo.
(Autor desconhecido)

1) Essa narrativa tem como protagonistas:
a-( ) o amo e o patrão                               b-( ) o chefe militar e o escravo
c-( ) o companheiro e o patrão               d-( ) o servo e o escravo

2) A passagem “indagou Esopo” pode ser escrita, mantendo-se o mesmo sentido, como:
a-( ) respondeu Esopo;                                b-( ) percebeu Esopo;
c-( ) perguntou Esopo;                                 d-( ) assegurou Esopo;

3) Segundo o texto, a língua tanto serve para as virtudes quanto para os vícios do mundo. Como exemplo de virtude e vício, respectivamente, podem-se citar:
a-( ) ensinamentos filosóficos e conceitos religiosos;
b-( ) discussões infrutíferas e obras literárias;
c-( ) rede de intrigas e desentendimentos;
d-( ) ensinamento das verdades santas e criação de anedotas vulgares;

4) Em “impressionado com a inteligência invulgar do serviçal...”, o adjetivo destacado significa:
a-( ) rara                                                       b-( ) medíocre
c-( ) impopular                                            d-( ) respeitosa

5) Em “Já que és desembaraçado, que tal trazer-me agora o pior vício do mundo?”, a oração destacada tem o sentido de:
a-( ) finalidade                                                b-( ) condição                                              
c-( ) causa                                                         d-( ) consequência

6) De acordo com o texto, quando a língua é mal utilizada, intrigas e violências verbais podem ser:
a-( ) confrontadas                                         b-( ) armadas
c-( ) superadas                                              d-( ) rejeitadas

7) Em “por ela mesma ensinadas...”, a palavra destacada está no feminino plural em concordância com:
a-( ) “violências”                                         b-( ) “anedotas”
c-( ) “verdades”                                          d-( ) “discussões”

8) Em “Ao abri-lo”, o pronome foi usado para substituir a seguinte palavra:
a-( ) pacote                                                 b-( ) amo
c-( ) primeiro                                              d-( ) Esopo

9) O sentido de negação, em determinadas palavras, é dado por prefixos, como em:
a-( ) “impressionado” e “intrigas”
b-( ) “infrutíferas” e “desentendimentos”
c-( ) “desapontado” e “inteligência”
d-( ) “interrogou” e “ensinadas”

10) Nessa história, a libertação do escravo se deve ao fato de Esopo:
a-( ) fazer boas compras                             b-( ) ser educado
c-( ) falar muito bem                                   d-( ) ter grande sabedoria

Aula de produção textual

Produção textual
Assunto: Introdução de dissertação
“É o início do texto, contendo o tema a ser desenvolvido, exposto com muita clareza. Envolve o problema a ser analisado. Geralmente pode ser exposto em apenas um parágrafo.” Fonte: http://www.infoescola.com/redacao/introducao-desenvolvimento-e-conclusao/

Leia o texto abaixo.
Artigo de Opinião: Maioridade Penal
Maioridade penal, reduzir ou não?
         A Constituição Brasileira, o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente dizem que a maioridade penal em nosso país é de 18 anos. Cidadãos com idade inferior a essa não podem ser julgados e receber punições iguais à de um adulto. Porém, há diversas propostas para que haja  redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos.
         Se lembrarmos de alguns crimes hediondos cometidos por menores, como o caso do garoto João Hélio, que foi arrastado pelo carro por sete quilômetros, em fevereiro de 2007 e da jovem Liana, morta em Embu-Guaçu – SP, com  quinze facadas após sofrer estupro, certamente seremos a favor, não só da redução da maioridade penal, mas de sua total eliminação. Afinal, em países como Estados Unidos e Inglaterra, não existe idade mínima para a aplicação de penas e na Índia, a idade limite é de sete anos.
         De acordo com o juiz Bismarque Leite, entre os principais motivos do aumento da violência está a ausência do Estado e o desajuste familiar -  “Há muitos casos de pais que não estão presentes na educação dos filhos. Os menores se desligam da escola e são aliciados por adultos para participar de delitos, o que para nós são atos infracionais”.
         Logo, é necessária uma reforma na educação, na sociedade e na legislação. É dever do Estado oferecer ensino de qualidade e infraestrutura para que a família possa criar e educar seus filhos com base nos valores morais e éticos, de acordo com seus princípios. Além disso, é preciso rever as leis que protegem amplamente os menores de idade e deixam a sociedade desprotegida.
         Finalmente, punir de acordo com o crime cometido é preciso, para que o infrator não volte a praticar outros delitos e os jovens da mesma faixa etária sintam que o castigo é severo e que o crime não compensa.

Ângela Maria Cereli Romazzini,
 Professora de Língua Portuguesa                                                                      

Fonte: http://pensartigo.blogspot.com.br/2011/11/artigo-de-opiniao-maioridade-penal.html-acesso em 21.04.2013
A autora é contra ou a favor? Justifique com os argumentos utilizados no texto.
Escreva uma introdução para o mesmo tema. ( Um parágrafo, com três a cinco linhas)

Poesia e Prosa - diferença e exercício prático

Texto I -   A FLORESTA DO CONTRÁRIO
     Todas as florestas existem antes dos homens. Elas estão lá e então o homem chega, vai destruindo, derruba as árvores, começa a construir prédios, casas, tudo com muito tijolo e concreto. E poluição também. Mas esta floresta aconteceu o contrário. O que havia antes era uma cidade dos homens, dessas bem poluídas, feia, suja, meio neurótica. Então as árvores foram chegando, ocupando novamente o espaço, conseguiram expulsar toda aquela sujeira e se instalaram no lugar. É o que poderia se chamar de vingança da natureza, foi assim que terminou o seu relato, o amigo beija-flor. Por isso ele estava tão feliz, beijocando todas as flores, aliás, um colibri bem assanhado, passava flor por ali, ele já sapecava um beijão. Agora o Nan havia entendido por que uma ou outra árvore tinha parede por dentro, e ele achou bem melhor assim. Algumas árvores chegaram a engolir casas inteiras. Era um lugar muito bonito, gostoso de se ficar. Só que o Nan não podia, precisava partir sem demora. Foi se despedir do colibri, mas ele já estava namorando apertado uma outra florzinha, era melhor não atrapalhar.
                                                                     (Fragmento do livro “Em busca do tesouro de Magritte.)

Texto II - CIMENTO ARMADO

Batem estacas no terreno morto.
No terreno morto surge vida nova.
As goiabeiras do velho parque
E os roseirais, abandonados,
Serão cortados
E derrubados.
Um prédio novo de dez andares,
Frio e cinzento,
Terá seu corpo de cimento armado
Enraizado no velho parque
De goiabeiras
De roseirais.

Batem estacas no terreno morto.
Século vinte...
Vida de aço...
Cimento armado!
Batem estacas
No prédio novo de dez andares,
Terraços tristes
Pássaros presos,
Rosas suspensas
Flores da vida,
Rosas de dor

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO
 Assinale a opção correta.
1) Os autores dos dois textos falam sobre o mesmo assunto. O assunto abordado nos dois textos é:
(     ) A devastação e destruição da natureza causada pelo homem.
(     ) A preservação dos recursos naturais.
(     ) Nenhuma das alternativas anteriores.

2) Apesar de abordarem o mesmo assunto, os resultados são diferentes em cada texto, porque:
(   ) no primeiro texto a natureza saiu vitoriosa ao recuperar seu espaço outrora perdido, enquanto no segundo texto os pássaros e as rosas sofrem a consequência da construção de mais um prédio de dez andares.
(   ) no segundo texto a natureza saiu vitoriosa ao recuperar seu espaço outrora perdido, enquanto no primeiro texto os pássaros e as rosas sofrem a consequência da construção de mais um prédio de dez andares.

3) Para “expulsar toda aquela sujeira” e se instalarem no seu lugar, as árvores tiveram que lutar. A parte do texto que confirma o fato de certas árvores conservarem os sinais de sua luta é :
(       ) “ Todas as florestas existem antes dos homens.”
(    ) “ Algumas árvores chegaram a engolir casas inteiras, por isso uma ou outra árvore tinha parede por dentro.”

4) No texto II o poeta fala do prédio como se ele fosse uma pessoa em :
(     ) ” Um prédio de dez andares.”
(     ) “ Terá seu corpo de cimento armado.”

5) O poeta se refere a pássaros presos, terraços tristes, porque :
(     ) os terraços são pintados de preto e cinza.
(   ) os terraços ocuparam o espaço da vegetação, a alegria dos animais e com o agravante de que nas cidades, as pessoas costumam prender os pássaros em gaiolas.

6) Escreva certo ou errado de acordo com os textos:
a) No texto II o autor utiliza a palavra “enraizado” como se o prédio fosse uma árvore.
(                                         )
b) As goiabeiras e os roseiras foram conservadas após a construção do novo prédio.
(                                         )
c) No texto I a história é fato real, enquanto que no texto II é imaginário, pois jamais destruiriam a natureza para construir um prédio. (                                           )
d) No texto I, ao tomar a cidade e devolver a vida aos seres da floresta, as árvores consideraram uma vingança da natureza. (                                         )
e)Os pássaros do Texto II eram tão felizes quanto os pássaros do texto I.
(                                            )

7- Identifique:
a- Texto poético: _______________________________________________________
b- Texto em prosa:______________________________________________________

8-  Diga qual o tipo de narrador do texto 1.
9- No texto 1, como são descritas as cidades? Essa descrição é objetiva ou subjetiva?
10- No texto 2, como é descrito:
a- o terreno ___________________________________________________________
b- o parque____________________________________________________________
c- o prédio_____________________________________________________________
d- os terraços__________________________________________________________
e- os pássaros_________________________________________________________
f- as rosas_____________________________________________________________

A DESCOBERTA DO MUNDO


O que eu quero contar é tão delicado quanto a própria vida. E eu queria poder usar a delicadeza que também tenho em mim, ao lado da grossura de camponesa que é o que me salva.
Quando criança, e depois de adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em aprender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. Ou será que eu adivinhava mas turvava minha possibilidade de lucidez para poder, sem me escandalizar comigo mesma, continuar em inocência a me enfeitar para os meninos? Enfeitar-me aos onze anos de idade consistia em lavar o rosto tantas vezes até que a pele esticada brilhasse. Eu me sentia pronta, então. Seria a minha ignorância um modo sonso e inconsciente de manter ingênua para poder continuar, sem culpa, a pensar nos meninos? Acredito que sim. Porque eu sempre soube de coisas que eu nem mesmo sei que sei.
As minhas colegas de ginásio sabiam de tudo e inclusive contavam anedotas a respeito. Eu não entendia mas fingia compreender para que elas não me desprezassem e à minha ignorância.
Enquanto isso, sem saber da realidade, continuava por puro instinto a flertar com os meninos que me agradavam, a pensar neles. Meu instinto precedera a minha inteligência.
Até que um dia, já passados os treze anos, como só então eu me sentisse madura para receber alguma realidade que me chocasse, contei a uma amiga íntima o meu segredo: que eu era ignorante e que fingira de sabida. Ela mal acreditou, tão bem eu havia antes fingido. Mas terminou sentindo minha sinceridade e ela própria encarregou-se ali mesmo na esquina de esclarecer o mistério da vida. Só que ela também era uma menina e não soube falar de um modo que não ferisse a minha sensibilidade de então. Fiquei paralisada olhando para ela, misturando perplexidade, terror, indignação, inocência mortalmente ferida. Mentalmente eu gaguejava: mas por quê? Mas para quê? O choque foi tão grande – e por uns meses traumatizante – que ali mesmo na esquina jurei alto que nunca ia me casar.
Embora meses depois esquecesse o juramento e continuasse com meus pequenos namoros.
Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como a mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde. Tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
Antes de me conciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de contar como era o amor. Esse adulto saberia como lidar com uma alma infantil sem martirizá-la com a surpresa, sem obrigá-la a ter toda sozinha que se refazer para de novo aceitar a vida e os seus mistérios.
Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é pudor apenas feminino. Pois juro que a vida é bonita. ( Clarice Lispector )




VOCABULÁRIO:
PRECOCE: PREMATURO / TURVAR: TOLDAR, ESCURECER / INTACTO: INTEIRO / LUCIDEZ: CLAREZA, PERSPICÁCIA / PUDOR: VERGONHA /SONSO:FINGIDO, DISSIMULADO / PRECEDER: REVELAR-SE ANTES DE...

1- Por que o texto tem o título “A descoberta do mundo”?
2- A que a narradora se refere quando menciona “os fatos da vida”?
3- Como se sentia a narradora em relação às colegas? E como se comportava diante delas?
4- Qual o caminho imediato que encontrou para suprir sua ignorância?
5- Como a narradora se descreve psicologicamente e fisicamente?
6- A narradora se diz atrasada em relação a certos fatos da vida e se diz precoce em relação a outros. Em que consistia sua precocidade?
7- Como ela explica o fato de continuar, mesmo adulta, ainda atrasada em muitos terrenos?
8- Como a narradora se sentiu quando ouviu as explicações dadas pela colega? Por quê?
9- Por que a narradora demorou tanto para reunir coragem e fazer a pergunta à amiga?
10- Que descoberta você acha que a narradora fez que a deixou tão chocada?
11- O que a narradora quer dizer com: “ a vida é bonita”, o que é bonito?
12- Qual o foco narrativo utilizado no texto? E que tipo de narrador?
13- Foi utilizado o discurso direto? Justifique sua resposta.
14- Há no texto uma comparação. Retire-a.
15- Explique a colocação pronominal em: "Enfeitar-me aos onze anos de idade...", "Eu me sentia pronta...".

REDAÇÃO - A CRISE DA ÁGUA E A OSTENTAÇÃO DA BURRICE

A CRISE DA ÁGUA E A OSTENTAÇÃO DA BURRICE, de André Ferrer
Superpopulosa, a cidade de Los Angeles cruza a maior crise hídrica da sua história. Ainda na metade do século passado, a administração pública submetia a população a frequentes racionamentos porque o abastecimento de água tornava-se, a cada ano, insuficiente. Então, o prefeito imaginou uma solução: a água poderia chegar à cidade vinda do Owens Valley. O problema era que um aqueduto só seria construído à custa de muito conflito entre políticos, agricultores e ambientalistas.
O parágrafo acima é atual ou está mais para um argumento de filme apocalíptico ambientado num futuro próximo? Embora o texto se encaixe perfeitamente nas duas classificações, trata-se de um enredo que, além de verídico, é bastante antigo.
As chamadas “Guerras da Água na Califórnia” tiveram início no final do século XIX e não terminaram em 1913 quando o tal aqueduto entre Owens Valley e Los Angeles foi inaugurado. Ainda na década de 1920, os agricultores de Owens Valley tentaram destruir o aqueduto que já exauria as reservas do lugar. As “Guerras da Água”, como é de se imaginar, também abriram espaço, no meio político, para a corrupção e a especulação. Em 1926, conforme muitos técnicos advertiam, o Lago Owens ficou completamente seco. Isto levou à busca de uma série de soluções paliativas e bastante nocivas para a natureza ao longo de todo o século XX. Atualmente, grande parte da água que abastece Los Angeles ainda vem da bacia de Owens, contudo a captação é subterrânea.
Sem dúvida, foi a crise hídrica paulistana que me levou a ler alguns artigos a respeito de como, em determinadas regiões bastante secas dos EUA, principalmente no Sul da Califórnia, recalcitrantes crises de água são enfrentadas desde a virada do século XIX para o XX até aqui. As diversas teorias conspiratórias na imprensa e nas redes sociais também serviram de motivação. Porém, o que mais me atraia enquanto me aprofundava no assunto era um grande filme rodado em Hollywood em 1974.
É sempre emocionante constatar como uma grande nação e, consequentemente, uma “grande cultura” plasmam as suas questões na arte que inventam. O filme a que me refiro foi selecionado pela Biblioteca do Congresso Americano e agora é preservado no “National Film Registry” por figurar entre as obras cinematográficas "culturalmente, historicamente ou esteticamente significantes" para a nação. Decerto, um país está doente quando uma das formas de se debruçar sobre os próprios problemas, a arte, é pobre, descartável, vazia de sentido ou só consegue reproduzir o pensamento na sua forma mais superficial. (Alguém aí conhece um país assim?!)
Curiosamente, a crise hídrica de Los Angeles é a premissa de “Chinatown”, filme do diretor Roman Polanski e do roteirista Robert Towne (a obra tem um Oscar justamente de Roteiro Original). Na trama, Jack Nicholson arrebenta na pele de um clássico detetive “noir”, J. J. Gittes, que se enrosca todo num caso de traição, corrupção e morte em plenas “Guerras da Água na Califórnia”. Vale a pena se divertir com a trama policiesca, vendo ou revendo Chinatown, e descobrir como, de fato, não há nada de novo debaixo do sol. Principalmente, vale a pena constatar o processo utilizado por uma nação que se avalia e que reflete com seriedade mediante a arte cinematográfica.
Uma pátria verdadeiramente “educadora” ressuma o pensamento do seu povo a respeito das grandes questões nacionais. Cada poro está envolvido. Temas importantes, assim, aparecem e enriquecem até mesmo o entretenimento supostamente banal. A reflexão, nestes casos, exterioriza-se nos aspectos mais simples da comunidade quando há, por exemplo, um interesse profundo por um tema como a política - evidentemente, um interesse que vai além do clientelismo e nada tem a ver com uma esperança doentia na troca de favores. O engajamento requer educação, estudo, leitura, reflexão; caso contrário, dá origem a certas aberrações disfarçadas de “vozes autênticas” tal como acontece, aqui no Brasil, com produtos culturais que vão do “favela movie” (modinha de filmes sobre a vida nas favelas), passando pela “música” (?!), rap, funk, até programas de TV como o Esquenta.
Enquanto as grandes questões passam ao largo do “pensamento”, nossos “mcs” (decerto, a mais nova “espécie” de formadores de opinião no Brasil) vivem preocupados com a própria ascensão financeira. Eles cantam a grana, ostentam o consumo que “agora” podem praticar, exibem o sexo pelo qual “agora” conseguem pagar. “Ídolos” que, infelizmente, fazem a “cabecinha” dos brasileiros. A nossa completa ruína no enfrentamento de futuras crises nacionais.


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A CARTOMANTE

A cartomante
Machado de Assis


Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
- Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “ A senhora gosta de uma pessoa...” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você esquecesse, mas que não era verdade...
- Errou! interrompeu Camilo, rindo.
- Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
- Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
- Onde é a casa?
- Aqui perto, na Rua da Guarda Velha, não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez.
- Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
- É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; - ela mal, - ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as coisas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima das ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava de imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: - a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
- Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com a das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camila devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelaram-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora”. Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão afigurou-se trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.
- Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, - repetia ele com os olhos no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo-lhe o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, - o que era ainda pior, - eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. “Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora.” Ditas assim, pela voz do outro, tinha um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a idéias, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.
“Quanto antes melhor”, pensou; “não posso estar assim...”
Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente na rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para anão ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar a primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
- Anda! agora! empurra! vá! vá!
Daí a pouco estaria removendo o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: “Vem, já, já...” E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas, a voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários, e a mesma frase do príncipe da Dinamarca reboava-lhe dentro: “Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia...” Que perdia ele, se...?
Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve a idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
- Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
- E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...
- A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.
- As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que o ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
- A senhora restituiu-me a paz de espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta levantou-se, rindo.
- Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe a testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
- Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?
- Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, deu-lhe uma. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
- Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A cartomante já tinha guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
- Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignorava vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: - Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
- Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
Vilela não lhe respondeu: tinhas as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: - ao fundo, sobre o canapé, estava Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-a pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.

Assis, Machado. Contos. Série Bom Livro. 26ª ed. Editora Ática: 2002. p. 91-98.

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