Miscelâneas do Eu

Expressar as ideais, registrar os pensamentos, sonhos, devaneios num pequeno e simplório blog desta escritora amadora que vos fala são as formas que encontrei para registrar a existência neste mundo.

Não cabe a mim julgar certo ou errado e sim, escrever o que sinto sobre o que me cerca.

A única coisa que não abro mão é do amor pelos seres humanos e incompreensão diante da capacidade de alguns serem cruéis com sua própria espécie.

Nana Pimentel

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um porre!



Certo dia, talvez uns 11 anos atrás, meu celular tocou.
A única coisa que lembro claramente deste momento, foi a voz de minha mãe dizendo que a encontrasse na esquina da João Pessoa com Venâncio Aires.
Fiquei apreensiva e fui rapidamente vê-la.
Quando cheguei, ela estava séria, mas chorosa.
Disse que tinha acabado de vir do cardiologista.
Até aí, não me assustei.
Você está pensando que sou fria meu caro leitor? Não.
É fato. Minha mãe sempre disse, desde minha infância: Filha, a mãe não vai viver muito por causa do coração. O dia que a mãe morrer, tu deves pegar a maleta azul e levar ao Tadeu (advogado dela há muitos anos).
Só uma explicaçãozinha rápida. Quero contar a você que a maleta azul ainda existe, assim como minha mãe. Não sei hoje se devo levar ao Tadeu a tal maleta, nem o que ela contém. Se é que contém algo.
Bom, minha mãe ali, na minha frente, pronta a fazer uma “revelação bombástica”. E lá foi ela falando. O tal cardio a informou, após vários exames, que ela morreria em menos de um ano.
Acho que disse a ela qualquer coisa do tipo, fica tranqüila que vou cuidar de tudo.
Sempre fingi para família que era a PODEROSA ÍSIS, uma super heroína capaz de segurar o mundo que me cerca com o dedo mínimo.
Então voltei só pra minha casa.
Quando cheguei em casa, a ficha, os butiás e tudo mais caíram por terra. Minha mente repetia sem trégua: Nossa, terei que dar um jeito de mudar minha vida, ganhando dinheiro em pouco tempo pra aguentar o tranco, aliviando pelo menos o lado financeiro. Já que o emocional foi “prô saco”, ou seja, tudo perdido.
Dá pra se ter uma ideia da bomba que caiu na minha cabeça?
Eu, trabalhando mais de 12 horas, de segunda a segunda, em duas empresas ao mesmo tempo, com escalas de horários malucos, com a perspectiva de a qualquer momento ter que sustentar minha filha com oito anos e minha irmã grávida. Tudo isso com um salário que não chega a dois salários. Socorro!
Meu chão se abriu.
E acima de tudo, ainda irei perder a minha mãe. Brigando ou não, é minha mãe.
Loucura tudo isso.
Quando chegou a noite, fui a um bar de amigos de infância. Não lembro o nome do tal bar que ficava na Rua Lima e Silva, num balado bairro da noite de Porto Alegre.
Ao chegar, meus amigos estavam jogando poker entre eles, as portas do bar fechadas ao público. Acredito que era uma segunda-feira, porque o bar nunca abria neste dia e estava fechado.
Entrei já chorando, e contei o que havia acontecido.
Eles estavam bebendo um uísque. Destilado companheiro meu naquela noite.
Bebi muito enquanto repetia sem parar o que havia ouvido naquela tarde.
Penso que minha necessidade de aceitar a situação estava sendo apresentada na repetição que fazia das palavras ouvidas. Tentava assimilar e arrumar uma saída para esse horror prestes a concretizar-se.
Foi assim meu porre de uísque com consequências trágicas ao meu corpo.
Não julgo se atitude foi certa ou errada, apenas foi.
Bebi quase uma garrafa sozinha. Lembro de ter ido para o escritório do bar, me deitar em um sofá.
Alguém, tempos depois foi até lá, me despiu, me deu um banho e tudo mais.
Fui violentada? Não. De forma alguma.
Embora estivesse destilando o álcool pelos meus poros, me deixei envolver. Chorar enquanto braços me envolviam.
Na verdade, o que eu queria e precisava naquele momento, era de carinho apenas e não sexo.
Gostei ou foi bom? Também não. Devido meu estado de embriaguez, não seria possível um ato agradável a ponto de me fazer mulher. Totalmente distante do sexo-tesão.
Sei que eu queria uma única coisa, sentir-me protegida por um instante no meio daquele vendaval. Por isso, me deixei permitir.
Você leitor, percebe que não nego minha atitude?
Nem tento iludi-lo que bêbado não se lembra do que faz? Por que isso, não é verdade. Pelo menos não pra mim.
Bêbada ou não, lembro bem dos meus atos, por mais infames que sejam.
Pela manhã acordei, ainda sobre o efeito da bebida e fui pra casa.
Não sei dizer o que fiz pra não trabalhar aquele dia, ou pra alguém não ver o estado lastimável em que estava após esse meu declínio na capacidade de enfrentar a dor sem subterfúgios.
Esse é um relato de um dia da vida de uma pessoa muito comum.

Antes que você tenha cólicas de curiosidade, minha mãe está muito bem e eu continuo sem condições de manter uma casa com dignidade financeira ainda. Mas nem por isso bebo. Talvez com a própria maturidade, vejo essas situações de forma mais clara. Mesmo sem ser a Mulher Maravilha ou a Poderosa Ísis, levanto a cabeça pra enfrentar o que se apresenta.  

terça-feira, 9 de agosto de 2011

“A língua e a Sociolinguística.” Bechara diz: “O falante deve ser poliglota em sua própria língua”


Ao referir-se que um falante de determinada língua deve ser poliglota dela, certamente, Bechara faz a reflexão quanto ao fato da língua ser viva e para que a comunicação seja clara e efetiva, o emissor deve saber transmitir suas ideias, adequando a fala e a escrita afim de ser entendido. Logo, o destinatário também necessita ter o entendimento da linguagem referida.
Para que seja compreendida a frase de Bechara, a reflexão sobre ser poliglota da própria língua pode ser exemplificada pela linguagem usada no Brasil. O Brasil tem como língua oficial o português. E, este é falado por mais de 200 milhões de pessoas, sendo que é a quinta língua mais falada no mundo. Logo, possui uma diversidade cultural, social e intelectual imensa, tornando a língua portuguesa praticada com variações linguísticas muito acentuadas. Os sotaques, gírias e significações diferentes para mesma palavra, repetem-se o tempo todo em todo lugar dentro do país e fora dele. Portanto, um brasileiro ao se comunicar deve ter um conhecimento além do gramatical e aprender como as diferenças regionais, sociais, culturais e etárias refletem na língua portuguesa e suas formas de expressão. Tendo em vista, que o brasileiro quer efetivamente alcançar a compreensão de sua fala em seu ouvinte.
Sendo assim, o poliglota aplica adequadamente a fala ou escrita respeitando estas diversidades da língua, de forma a ser compreendido pelo destinatário, leitor ou ouvinte. Logo, sabendo que a língua é a chave principal da comunicação entre os homens, o falante se adéqua fazendo com que o destinatário possa decodificar sua mensagem e retransmití-la afim de cumprir-se com a função comunicativa da língua.
Ele irá se comunicar com um baiano ou paulista e será entendido por ambos, assim como irá se comunicar com um juiz e um gari sendo igualmente compreendido, sem dúvida por ter feito o uso adequado da língua com cada indivíduo. Do contrário, caso não tenha conhecimento amplo do idioma, poderá cometer gafes e até mesmo ser mal compreendido por sua falta de conhecimento das diferenças linguísticas existentes no português.
Portanto, a frase de Bechara vem trazer a necessidade do estudo da língua mãe de forma ampla, agramatical, gramatical e cultural para que a comunicação entre os falantes não seja truncada, com ambiguidades, subjetiva, inadequada ao público que deseja-se atingir.










































REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS






BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.
BECHARA, E. Ensino da Gramática; opressão? Liberdade? 4. ed. São Paulo, Ática, 1989.
BENVENISTE, E. Problemas de lingüística geral. São Paulo: National Edusp, 1976.

TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997

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